quinta-feira, 3 de junho de 2010

castrar ou não castrar - eis a questão!

Quem já não ouviu uma gata no cio miando constantemente ou gatos cruzando pelo telhado? Ou então pegou um gatinho, que conforme cresceu passou a urinar por toda casa?

Pois é! Muitas vezes esses são motivos de problemas com vizinhos, parentes e, infelizmente, até causas de envenenamentos coletivos de felinos que têm acesso à rua ou moram nela.

Castrar ou não envolve uma série de questões desde saúde, zoonoses, culturais e até financeiras. E é uma decisão que cabe ao proprietário – responsável pelo animal e seu bem estar – uma vez que esse procedimento só traz benefícios. Vejamos.

A falta de hormônios, tanto em machos como em fêmeas, não acarreta nenhuma consequência. Pelo contrário, desde que a cirurgia não seja feita muito precocemente, caso em que influenciaria no crescimento do animal. O mito de que os gatos ficam mais pacatos e engordam não se aplica a todos e é mais exceção do que regra. O aumento de peso dependerá basicamente do modo de vida do animal: se ele se exercita, se come alimento de alto teor calórico e se tem essa tendência. O fato do animal não ter mais a produção dos hormônios sexuais não vai mudar sua personalidade, ou seja, gatos com características agressivas diminuem um pouco esse impulso, mas não totalmente; bichanos agitados também não se tranquilizam apenas com o fato de terem sido castrados. O que muda, por exemplo, é que os gatos que têm acesso à rua vão sair menos de casa e os machos não se envolverão em brigas com outros machos por disputa de território e fêmeas em cio. No caso dos machos confinados (de apartamento) a castração é importante, pois diminui o stress instintivo e o hábito de marcação de território com a urina.
As gatas – diferente das cadelas – só ovulam quando têm a presença ativa do macho, ou seja, durante a cópula. Elas não possuem sangramento durante o cio, sua alteração é notadamente comportamental, miando e “se esfregando” em objetos e pessoas. A vocalização das gatas não acontece por causa do cio, mas por um processo que acontece na hora da cruza: os machos possuem em seu pênis pequenas estruturas pontiagudas que induzem – no momento do ato sexual – a ovulação da fêmea, garantindo assim a fecundação. É por isso que as gatas “gritam” e incomodam tanto no silêncio da noite. Uma vez prenhas, a gestação dura em média dois meses e, após mais ou menos um mês do desmame, um novo cio recomeça. Isso quer dizer que uma única fêmea de vida livre, sem estar esterelizada, tem por volta de quatro cios ao ano. Se esses filhotes forem, na sua maioria, fêmeas também, entram na fase reprodutiva já aos cinco meses. Então uma única gata pode dar origem a inúmeros descendentes ao longo de um ano.

As gatas de apartamento não têm a chance de ovular, mesmo tendo a presença de um macho castrado em casa. Isso significa que elas entram em constantes cios na tentativa de ovular, sem sucesso, levando à uma alta produção de progesterona que trará consequências para sua saúde, como tumores mamários e infecções uterinas.

A cirurgia de esterilização é um procedimento comum, feito com anestesia geral, retirando o útero e os ovários nas fêmeas e os testículos nos machos. Requer uma semana de resguardo e em seguida é feita a retirada dos pontos. O gato vai para casa no mesmo dia, inclusive acordado e andando. O ideal é que a esterilização seja feita a partir dos cinco meses em gatas e seis meses nos gatos.

O uso de contraceptivos é totalmente contraindicado para inibir a entrada do cio, pois a carga hormonal é muito alta e prejudica mais ainda a não ovulação da fêmea. Os anticoncepcionais são responsáveis por 90% dos casos de câncer de mamas e infecções de útero (piometra) nas gatas.

Resumindo: só através da castração em massa vamos diminuir a população errante pela cidade, diminuindo também a transmissão de doenças (sejam elas zoonoses ou não), o abandono e os maus tratos, um problema sério em uma metrópole como São Paulo. Castrando animais domiciliados também estamos beneficiando-os, inclusive aumentando sua longevidade, uma vez que a não produção hormonal evita consequências maléficas para os animais domésticos.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

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