sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

o gato é o bichinho ideal para você?


Quem gosta de animais sempre quer ter um em casa. E na hora da escolha, sempre devemos levar alguns itens em consideração, como pesquisar a raça com suas características de índole, tamanho, pelagem, doenças etc. (se a ideia é ter um animal de raça), o preço do animal e/ou sua procedência (gatl, particular ou ONG, por exemplo) e seu estado geral de saúde.

Mas... será que qualquer pessoa está apta a ter um animal em casa? Isso vale também para os cães, afinal um animal demanda tempo, despesas e muitos cuidados com higiene e saúde. Se você mora em casa e quer ter um gato, não podemos esquecer que os felinos têm hábitos caçadores, são extremamente curiosos, ágeis e entram em época de reprodução a cada 3-4 meses, o que implica em ter um ambiente confinado que impeça sua fuga e a entrada de outros animais na casa.

Morar em apartamento não tem essa dificuldade mas, em compensação, telas nas janelas são imprescindíveis também para evitar quedas e óbitos.

Independente da moradia, gatos são animais tranquilos (dormem até 12 horas por dia) e requerem bem menos trabalho que os cães, como levar para passear e banhar semanalmente, por exemplo. Se alimentam aos poucos, não comem grandes quantidades de ração de uma só vez, seu banho é “autosuficiente” (como vimos na semana passada) e sua higiene pessoal com urina e fezes é impecável – desde que o gato tenha uma bandeja sanitária e granulado de areia sempre limpos, pois seus hábitos de cobrir seus excrementos vem dos ancestrais, para não deixar rastros com o forte odor.

Com todo este “combo” de vantagens, mesmo assim temos que avaliar se realmente o gato é o bichinho ideal para você. Afinal de contas, dar uma ração de boa qualidade, trocar a areia sanitária diariamente e manter água fresca à disposição é um grande passo, mas não o suficiente. Os felinos são carinhosos, se apegam ao dono com facilidade, gostam de sua companhia em casa – estão sempre por perto onde estamos – e também precisam de estímulos como brincadeiras com bolinhas, ratinhos de pelúcia e coisas em movimento para interagir.

Se você mora sozinho e/ou passa muito tempo fora de casa, é muito melhor ter um gato do que um cão, pois os gatos suportam melhor a solidão e se adaptam mais aos hábitos alimentares. Se tem crianças pequenas, não podemos esquecer que os gatos também mordem (assim como os cães) e usam suas unhas para se defender ou mesmo para simples brincadeiras, podendo ferir. Isso deve ser levado em consideração antes da compra ou adoção.

Além disso, gatos trocam de pelo constantemente, e os de pelagem longa fazem isso em maior quantidade, sendo necessário aspirar a casa semanalmente, no mínimo.

Os felinos tomam vacinas anualmente, como os cães. E, como todo animal, precisam de acompanhamento médico desde o começo da vida e principalmente na senilidade, e isso tudo tem custos.

Portanto, antes de adquirir um animal (qualquer um: cães, gatos, aves, roedores) pense se você está disposto a dedicar uma parte do seu tempo com todos esses cuidados e se tem condições de arcar com as despesas. Lembre-se que existem muitos animais abandonados à espera de um lar, enquanto que aqueles nos gatis têm mais certeza de uma casa garantida.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

banho? só de língua!

Quem nunca ouviu falar que gato não gosta de banho?? Pois é... pura verdade!!! Os gatos passam mais de 30% do seu tempo cuidando da higiene e fazem isso lambendo-se. Esse costume de lambedura nasceu do instinto de defesa, pois após as refeições os gatos ancestrais – selvagens – banhavam-se para retirar o cheiro de alimento (uma vez que dilaceravam vísceras, tinham contato com sangue e secreções de suas presas) para não atrair a atenção dos predadores. Esse ritual começa passando a língua nas patas para lavar a cabeça e orelhas e depois segue para o resto do corpo, retirando detritos e pêlos mortos.

De certo, todo mundo que conhece um gato já se interrogou por qual razão a língua deles é tão áspera. Pois é coberta por papilas córneas, sensores de temperatura e gosto e assim, além da função banho – pentear e escovar – ela é usada como uma espécie de colher para beber líquidos.

Curiosidade: essas papilas sensíveis ao gosto, principalmente o amargo, o gato as possui em grande quantidade na zona posterior da língua, por isso é muito sensível a estes sabores, os quais caracterizam tipicamente as substâncias tóxicas. Está explicado porque, de fato, medicar um gato via oral, com soluções ou comprimidos, se torna uma tarefa de super-herói!!

Visto a utilidade e função da língua, temos que considerar quando e como banhar um animal, afinal de contas o que consideramos um banho, aos olhos deles, significa que você o sujou e não o limpou. É por isso que após o banho com água corrente e xampú, mesmo estando seco, o gato fica horas e horas se lambendo. Banho, para o gato, só de língua!

O ideal seria banhá-los somente quando necessário, ou seja, muita sujidade no pêlo, escovar para remover nós que ele não irá retirar, banhos com soluções medicamentosas, por exemplo. Essa lavagem deve ser feita com água morna, protegendo os ouvidos com uma bolinha de algodão mais óleo Johnson, xampú neutro (o Johnson também é ótimo) ou próprio para gatos, tomando cuidado com os olhos. A remoção de todo resíduo de sabão é importante. A secagem é imprescindível para que a umidade não predisponha o bichano à infecção bacteriana ou fúngica da pele. Só passar uma toalha seca e deixar o seu bichano ao sol não é recomendável. Cuidado com o secador, pois o barulho é altamente agressivo e estressante para seus ouvidos (como já vimos no artigo fogos de artifício). Uma dica: corte as unhas das quatro patas previamente para evitar arranhões durante todo o procedimento.

Em petshops o pessoal faz tudo isso, mas lembre-se de que o ideal seria o gato tomar banho separado dos cães, não ficar muito tempo esperando em gaiolas e sempre ter um médico veterinário responsável por perto, caso haja algum acidente (isso é válido para os cães também).

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

toxoplasmose: o que é isso?

A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário (portanto, não é bactéria, nem vírus) chamado toxoplasma gondii, que por sua vez está presente em quase todos os animais.

O gato tem a infeliz “missão” de ser um portador assintomático desse parasita, ou seja, ele pode passar a vida inteira contaminado, mas nunca manifestará a doença. E como ele se contamina? Bem, o toxoplasma está presente nas fibras musculares dos animais e, uma vez que os felinos são 100% carnívoros, fica fácil sua infecção pela ingestão de carne crua (oferecida por nós ou não), pela caça de roedores, aves etc. Uma vez contaminado, o gato eliminará pelas fezes os ovos desse parasita – vale lembrar que só os felídeos fazem esta eliminação, nenhum outro animal elimina pelas fezes. Portanto, muito cuidado ao manipular a caixa sanitária de seu gato: sempre com uma pá coletora e luvas, para não ter contato com as bordas, onde às vezes as fezes encostam. Forrar a caixa com jornal é sempre válido. Como o gato é muito asseado, ou seja, limpa-se com frequência, resíduos fecais que ficam na região do ânus são difíceis de serem encontrados, mas não podemos esquecer que são uma forma de contaminação. Aqui vai uma dica para proprietários de gatos de pêlos longos: mantenham a tosa higiênica em dia com os pêlos da região anal bem cortados.

Sendo o gato o grande vilão da história, ele sofre grande preconceito e discriminação por ser o transmissor de uma moléstia tão importante, que no ser humano causa encefalite (inflamação do cérebro, cerebelo e medula) e problemas oculares por se alojar na retina.

Mas... espera aí!! Se vimos que este parasita se aloja nas fibras musculares dos animais, a maneira mais comum de contaminação é a ingestão de carne crua ou mal passada, assim como embutidos crus (salsichas e mortadela, por exemplo). Assim, a gente entende porque muitas pessoas fazem exame para toxoplasmose e são positivas para a doença, mas nunca tiveram gato na vida. Frutas, verduras e vegetais crus ou mal lavados não estão livres do parasita, uma vez que gatos de vida livre evacuam no solo e enterram seus excrementos. Adubos orgânicos também merecem atenção, e é bom saber que agrotóxicos não eliminam o problema.


Visto isso, podemos entender que o gato é apenas um detalhe no contágio da doença, e não a parte determinante da patologia. Ainda mais hoje em dia, que comemos fora de casa com frequência.

ATENÇÃO: só o gato não adoece. Portanto, quem também tem cães em casa não precisa se apavorar, pois os cachorros não eliminam os ovos do parasita pelas fezes como os gatos. No entanto, os cães manifestam sintomas clínicos como os nossos.

Na gravidez a mulher deve solicitar no exame pré-natal a sorologia para toxoplasmose, além de outros, pois a transmissão da mãe para o feto é comum e, dependendo da fase da gestação, as consequências serão mais ou menos importantes. Se o resultado der positivo, isso não significa doença ativa! Pode indicar apenas que o contato com o parasita aconteceu, recentemente ou não. Caso a mulher grávida tenha gato em casa e surgir dúvidas sobre a contaminação, o animal não precisa ser descartado nem doado, como infelizmente – e normalmente – acontece. A solução é simples: basta fazer o mesmo exame de sangue no gato, para descobrir se ele é portador ou não. Volto a lembrar: as carnes mal passadas e verduras mal lavadas são as vilãs do nosso dia-a-dia!

Resumindo: o ideal é a prevenção, sempre! Ao adquirirmos um gato, o certo é fazer uma série de exames no bichano para saber se ele tem não só essa doença, mas tantas outras que o felino pode ter. Evitar carne mal cozida e não abusar das saladas que não fomos nós que lavamos sempre vale a pena.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

otite e cuidados com os ouvidos

A otite externa (inflamação do conduto auditivo acompanhada ou não de infecção) é uma das causas mais comuns que levam a coceira nos ouvidos dos animais, quase sempre com odor desagradável, o qual é notado muitas vezes pelo proprietário sem saber sua origem.

As causas da otite podem ser diversas, variando de alérgicas, parasitárias, bacterianas e fúngicas, por exemplo. Se seu gatinho frequenta pet shops para banhos, certifique-se que os ouvidos são protegidos da entrada de água, pois esta facilita o processo infeccioso pela umidade acumulada.

Para evitar que seu bichano seja acometido por este mal tão comum, faça uma breve inspeção (veja figura) na parte interna de suas orelhas, verificando vermelhidão, sangramento, mau cheiro, secreção amarelada ou enegrecida de consistência gordurosa ou mesmo ressecada.
 








Como o gato tem por hábito se lamber constantemente, o problema pode ser mascarado, piorando mais ainda quando se tem mais de um animal em casa, pois um lambe ao outro, retirando muitas vezes a “sujeira” visível. Por isso, uma consulta ao veterinário pelo menos uma vez ao ano, ou a cada seis meses, é importante para que haja um exame clínico dos pavilhões auriculares, com instrumentos que permitam melhor visualização, como o otoscópio.

Um ouvido normal tem que ter coloração esbranquiçada/rósea, brilhante e sem acúmulo de secreção nas dobrinhas. Com um algodão envolvido em seu dedo indicador, faça a limpeza com soluções apropriadas para uso otológico em gatos, encontradas facilmente em pet shops. Também pode-se fazer a limpeza com o algodão seco. Nunca use hastes flexíveis, pois elas podem machucar seu bichano, traumatizando-o. Qualquer alteração é indício de problemas.

Para tratamento, são indicados produtos de uso tópico em primeiro grau como pomadas, gotas ou pour-on (pipetas com líquidos para despejar na nuca), variando conforme a causa. Medicação via oral ou injetável é necessária em quadros mais graves e crônicos e conforme o temperamento do animal.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

e com o calor... as pulgas!

Chegou o verão! U-HU! E com ele vemos nossos companheiros de quatro patas coçando, coçando e coçando!!! Mordisca aqui, lambe ali, arranca pêlo lá e quando vamos ver, encontramos os incômodos parasitas externos, velhos conhecidos nossos: as pulgas.












Nem sempre damos de cara com elas andando pelo corpo do nosso bichano, mas podemos ver entre a pelagem pontos pretos semelhantes à “sujeira”, que quando apertados ou molhados ficam de cor avermelhada. Esses pontos pretos são fezes de pulgas, nada mais do que sangue o coagulado que elas sugam.

É preciso pensar em um tratamento rápido e eficaz para acabar com esses insetos terríveis que, apesar de não terem asas, locomovem-se muito bem de animal para animal (e para nós, na falta do animal de estimação). Só para se ter uma idéia, a pulga pode ser considerada a maior campeã olímpica de saltos de todos os tempos, podendo saltar 75 vezes sua altura e 25 vezes seu comprimento, totalizando 30cm de deslocamento!! Em outras palavras: um simples “pulinho” serve para passar de um hospedeiro a outro, o que significa que se nosso bichano não estiver protegido e sair para rua (ou para um banho na petshop) e se encontrar com outro animal infestado por pulgas, corre o risco de voltar acompanhado prá casa. Além disso, para aumentar a sorte que a natureza deu às pulgas, seu ciclo de vida é muito privilegiado: elas vivem, em média, 100 dias. A fêmea deposita seus ovos com 0,5mm de comprimento no animal; como eles não se fixam, caem no ambiente. Se for carpete, piso com frestas (tacos, por exemplo) ou cobertores, os ovos encontram a situação ideal para virarem larvas, e em 10 dias eclodem. A partir daí, de 5 a 11 dias entram na fase denominada pupa (filhotes de pulgas) e pronto! Mais cinco dias e são pulgas adultas, que vão para o ambiente e recomeçam o ciclo.







Mais uma mamata da natureza para as pulgas: se não houver animais ou pessoas no ambiente, as pulgas podem permanecer na fase pupa por até 140 dias (4 meses!) até acharem as condições ideais para sobreviver após virarem adultas. É por isso que às vezes, quando entramos em lugares fechados e inabitados, de repente sentimos as aproveitadoras pulando famintas em nossas pernas!

As pulgas causam incômodo e uma coceira intensa devido às suas picadas. Alguns animais desenvolvem a DAPP (dermatite alérgica à picadas de pulpas), pois na “saliva” da pulga existe um componente desencadeante de uma hipersensibilidade: basta uma picada por dia para induzir o bichinho a se ferir coçando, muitas vezes até alterando seu estado emocional devido ao estresse constante pela coceira incessante. Alguns deles passam até a comer menos e tornam-se agressivos ou deprimidos, dependendo de sua personalidade. Os gatos iniciam esse processo mais na região da cabeça, pescoço e orelhas, alastrando-se para membros e abdome (muitas vezes observamos a barriga peladinha do gato!).

Além de tudo isso, os gatos podem contrair doenças através desses parasitas. Como se lambem com freqüência, eles podem ingerir acidentalmente uma pulga, que leva para o intestino do gato a forma infectante de um verme chamado Dipylidium, semelhante à tênia (solitária) do homem. Isso pode ficar crônico, levando o bichano a emagrecer, ter diarréia, perda de pêlos e coceira na região anal. Se o gato não for tratado, pode até morrer.

Pela sua picada, as pulgas podem transmitir um parasita sanguíneo chamado Hemobartonela, causando fraqueza, anemia, perda de apetite e apatia. Se não tratados, mais de 30% dos gatos acometidos por esta doença acabam morrendo.

Por tudo isso, não podemos deixar de combater as pulgas, que encontram no verão as condições ideais sua replicação: calor e umidade. Tratar animal e ambiente simultaneamente é importante, mas melhor do que tratar é prevenir o aparecimento das pulgas. Produtos em forma de sprays e pipetas de uso cervical (na região da nuca) são muitos úteis, desde que mantida a frequência quinzenal ou, no máximo, mensal. Produtos para ambiente à venda em petshops agregam mais segurança na prevenção também. Coleiras em gatos nem sempre são recomendadas, principalmente nos de vida livre, pois eles podem se enforcar com elas ou se machucar. Considere usar produtos periódicos no bichinho para evitar reinfestação (isso vale para gatos que passeiam fora de casa).

Se a infestação for grande, a melhor forma de combate é a dedetização do ambiente. Lembre-se: para cada 10 pulgas encontradas no bichano, existem 100 no ambiente, ou seja 10% dos adultos estão sugando o sangue de seu felino enquanto o resto prepara o ataque na sua casa! Em alguns casos, tosar os pêlos é uma medida que pode aumentar a eficácia do tratamento.

Vale lembrar que banho, mesmo com produtos “anti-pulgas”, não é a solução dos problemas. Como vimos, o ambiente tem grande responsabilidade nessa guerra ao parasita, então banhos, além de não matarem 100% das pulgas, não têm garantia, uma vez que o gato volta para o lugar infestado e vai ganhar pulgas novamente.

Importante: leia e siga sempre as recomendações de cada produto e procure a orientação do seu veterinário, pois ele pode lhe indicar a melhor forma de combate para cada caso.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.