sexta-feira, 26 de março de 2010

antes de ter seu primeiro gato

Gosta de animais???? Mora sozinho???? Trabalha o dia todo???? Gosta da sua mobília???? Não tem tempo de levar um cachorro para passear????

Pois é... essas são algumas das várias perguntas que devem ser respondidas antes de ter um animal doméstico, qualquer que seja a espécie.

Os felinos são muito discriminados por terem fama de independência e desapego ao dono. Mas o curioso é que esse estigma só prevalece para quem nunca teve sequer contato com os gatos, pois 99% dos proprietários afirmam exatamente o contrário!!!!!

Portanto, ter um gato como animal de estimação e de compania é TUDO DE BOM!!! Mas vamos à algumas questões importantes.

Antes de ter um animal (quer seja cão, gato, pássaro etc...)

1. Você realmente gosta de animais???? Vai sentir prazer em cuidar de um ser vivo que dependerá de você e esperará carinho, atenção e cuidados???? Essa pode parecer a mais óbvia das perguntas, mas muita gente se esquece desse detalhe e após a aquisição do bichinho se decepciona quando um filhote destrói seu chinelo ou urina no tapete da sala...

2. O fato de morar sozinho vai influenciar na escolha da espécie e da raça. Cães toleram menos a solidão do que os gatos, comem muitas vezes todo alimento de uma só vez, latem ininterruptamente para chamar a atenção e podem destruir o ambiente em que ficam na falta do que fazer. Quando se mora sozinho a melhor escolha é um gato, que é o oposto de todas essas características citadas acima. Mas veja: aceitar melhor a solidão não significa não gostar do dono, apenas que sua forma de apego é diferente;

3. Se além de morar sozinho você ainda viaja muito, mais um motivo para ter um gato, pois eles aceitam melhor a ausência temporária do dono, sem contar que dormem até 16 horas por dia!!!! Um simples final de semana com água, comida e caixa sanitária suficientes para dois dias não terá grandes problemas, desde que seja na sua própria casa. Mudá-lo de território nessa condição só gerará stress desnecessário;

4. Animais dão despesas, que são mensais (banhos, granulado sanitário, ração, anti-pulgas), anuais (vacinas, consulta médica de rotina) ou inesperadas (doenças agudas, acidentes). Gastos não podem deixar de ser computados na hora de decidir ter um animal em casa.

Antes de ter seu primeiro gato

1. Aquele filhote fofinho e brincalhão na vitrine de uma loja, em uma feira de adoção ou mesmo nas ruas pode ser um convite irresistível. Mas é bom lembrar que gatos, além dos dentes, têm as garras, que usam como defesa e, muitas vezes, como próprio meio de brincar. Portanto, manter as unhas aparadas é uma boa forma de minimizar riscos. Isso pode ser feito em lugares especializados ou em casa, por você mesmo (leia mais sobre unhas aqui);

2. A higiene dos gatos é impecável, e eles precisam de um lugar para fazer suas necessidades. O ideal é a caixa plástica com areia dentro, de modo que eles possam enterrar o xixi e as fezes para não deixar rastros nem odores para um futuro concorrente ou predador;

3. Felinos tem período reprodutivo em média trimestral. Os machos demarcam território com a urina e as fêmeas mudam muito seu comportamento, miando sem parar, principalmente à noite. Isso significa que a castração é praticamente obrigatória para o bem estar do animal e de todos que convivem com ele;

4. Adotar ou comprar, eis a questão. Tenha consciência de que existem milhares de bichanos abandonados ou carentes precisando de um lar. A compra, muitas vezes, só estimula o comércio indiscriminado e sem controle;

6. Um gato já adulto é menos “domesticável”, mas em compensação, sua personalidade está definida e isso pode ser uma vantagem em relação aos filhotes;

7. Assim como carpetes, tapetes e cortinas, a pelagem dos gatos também guarda ácaros e fungos. Isso significa que se o futuro proprietário tiver tendência alérgica, gatos de pelo curto são mais recomendados;

8. Na natureza, normalmente o hábito de afiar as unhas acontece em troncos de árvores. Em casa, móveis se transformam em algo irresistível para esse fim. Para minimizar, mantenha as unhas aparadas, compre ou adapte um arranhador ou borrife um cheiro que o gato não goste nos móveis, assim ele não chega perto.

Lembre-se sempre: a partir do momento em que nos propomos a criar um bichinho, torna-se indispensável nossa dedicação incondicional.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

sexta-feira, 19 de março de 2010

alergias: como coça!

Os gatos – assim como os cães – podem sofrer de vários tipos de alergias. Geralmente, um gato alérgico possui mais de um tipo de contactante com o qual desenvolve todo o processo. Gatos alérgicos normalmente se coçam na região da cabeça (ver figura) e abdome, lambendo-se compulsivamente, e se tornam animais até com mudança comportamental devido ao incômodo que a coceira causa.

A alergia mais comum, principalmente em nosso país tropical, é a DAPP (Dermatite Alérgica à Picadas de Pulgas, mas não excluindo os carrapatos, piolhos e ácaros). O que acontece é que a saliva da pulga desencadeia um quadro alérgico local que, após intensa coceira, acaba gerando lesões secundárias com bactérias e até fungos oportunistas, levando a um quadro dermatológico agudo e complicado. Observa-se área com perda de pelos, vermelhidão, crostas e intensa coceira.

O segundo tipo de alergia, também bastante comum, é a chamada hipersensibilidade alimentar (HA), na qual o animal acometido desenvolve uma resposta imunológica extremamente exacerbada para um componente alimentar – normalmente às proteínas – embora outros componentes usados na fabricação das rações também estejam envolvidos. Isso também conta para os petiscos em geral. A alergia à comida não se manifesta de forma aguda, podendo levar de um a 10 anos de contato com o alérgeno para desencadear sintomas. Normalmente, isso ocorre após dois anos de contato. Além da coceira, o gato pode apresentar vômitos e/ou diarréias, além de queda de pelo, oleosidade excessiva da pele e problemas nos ouvidos.

A atopia, ou alergia de contato (normalmente contato direto ou por inalação), também acontece nos felinos e, como na HÁ, se manifesta após um tempo de contato com substâncias que o animal não tolera, como por exemplo poeira, carpetes, plantas, tecidos (lãs comumente), fumaça de cigarro, produtos de limpeza e até xampús usados no banho.

Como dito anteriormente, todas essas três alergias se manifestam clinicamente de forma semelhante, sendo difícil distinguir a causa só pelos sintomas. Além disso, o gato faz o mesmo padrão de lesão para diversas patologias dermatológicas, não só alergias, mas também as sarnas, por exemplo, complicando ainda mais o diagnóstico. Um histórico detalhado e testes de eliminação de prováveis causas são muito importantes. Verificar a parte imunológica (teste para a AIDS felina, além de outros) também é importante, pois em uma queda de resistência, todo esse processo fica mais acentuado.

Além destas três causas de alergias em gatos com manifestações cutâneas, não podemos deixar de citar as alergias medicamentosas, na qual o animal pode ter erupções na pele com intensa vermelhidão e aumento de temperatura local, dessa vez com dor, não necessariamente coceira. O aparecimento é repentino e normalmente está associado à antibióticos, vacinas e até anestesia. Outro sinal comum de reação cutânea é a falha de pêlo no local de aplicações subcutâneas, porém sem coceira alguma e meses depois que a injeção foi dada. Normalmente há a atrofia da pele no local, não voltando a crescer o pelo.

Portanto, ficar de olho nas pulgas e usar frequentemente anti-pulgas (quinzenal ou mensal, no máximo) e oferecer uma ração de boa qualidade já é um grande passo para diminuir as chances das dermatites alérgicas nos felinos, embora a sensibilidade seja individual de cada um.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

sexta-feira, 12 de março de 2010

o que é AIDS felina?

A AIDS nos gatos é causada pelo vírus da imunodeficiência felina, o FIV (em inglês, Feline Immunodeficiency Vírus) e, como o próprio nome diz, tem características semelhantes à AIDS humana, pois deixa o animal imunossuprimido e, portanto mais predisposto à infecções secundárias, doenças sistêmicas e até ao câncer.

O FIV se diferencia do nosso HIV na forma de contágio, pois nos gatos a transmissão não é feita pela via sexual diretamente, mas sim pelo contato com a saliva através de mordidas (principalmente) e lambeduras. Na hora da cruza, por exemplo, o gato morde a gata, o que acaba por aumentar a transmissão. Dessa forma, os gatos que tem acesso à rua, os que vivem confinados ou em gatis estão mais sujeitos à contaminação, principalmente os machos, devido ao constante envolvimento em brigas. Fêmeas prenhes transmitem aos seus filhotes na gestação, dependendo da carga viral que possuem.

A síndrome da imunodeficiência felina não é transmissível à outras espécies animais, bem como ao ser humano, portanto não é uma zoonose.

O grande problema dessa infecção é que os animais infectados podem permanecer por muito tempo (anos e anos) sem manifestar a doença, uma vez que não há sintomas específicos. Só que eles continuam espalhando o vírus. Não existe cura, nem prevenção através de vacinas, assim como na nossa espécie.

Então... como suspeitar que nosso gatinho está contaminado??? O que vai chamar a atenção não é a doença em si, mas os sintomas da queda de resistência, como infecções frequentes ou recorrentes (diarréias crônicas, gripes que não curam, por exemplo), perda de peso, doenças incomuns, febre de origem desconhecida, até anemia sem causa aparente e alguns tipos de tumores.

O diagnóstico é feito por meio do exame de sangue que confirma a presença de anticorpos contra o vírus. É importante frisar que uma vez soropositivo, o gato torna-se importante fonte de infecção para outros gatos, sendo ideal testar todos os animais da casa e manter os positivos totalmente isolados. Outras medidas de controle importantes são castrar os animais e evitar seu acesso à rua, bem como não misturar gatos recém-chegados aos gatos já existentes na casa antes de um exame.

Curiosidade: as reações dos proprietários ao receberem o diagnóstico de FIV são as mais variadas, passando pelo desespero até o preconceito, semelhante ao que acontece com pessoas portadoras do HIV. Vale lembrar que o preconceito e o medo estão na nossa cabeça e não na do animal, que não tem consciência da sua situação e por isso não deve ser maltratado!!!!

Hoje em dia, um animal (e uma pessoa) portador do vírus tem uma alta sobrevida graças às drogas modernas, que proporcionam uma melhora da condição clínica e imunológica do paciente e do bichinho. O tratamento não promove a cura, mas um bom controle geral. As infecções oportunistas podem ser tratadas de maneira comum, por isso uma visita periódica ao veterinário aumenta muito mais a qualidade de vida desses animais. A eutanásia (como em qualquer outro caso) só é indicada em último instância, apenas em animais terminais.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.

sexta-feira, 5 de março de 2010

micoses em gatos e seus donos

Micoses são doenças causadas por fungos – que podem viver no solo, na pelagem dos animais ou nas plantas – que vão se instalar geralmente na pele, causando lesões conhecidas como “tinhas”.

São divididas em dois grupos: as superficiais e as profundas.

Dentre as superficiais, a mais comum é a causada pelo fungo chamado Microsporum (que também acomete os cães), transmitida pelo contato direto ou pelo fato de o animal compartilhar objetos com outro animal já contaminado. É transmissível ao homem, portanto uma zoonose (veja figura ao lado).

As micoses superficiais em gatos nem sempre apresentam sintomas, apesar do animal estar contaminado; nem mesmo coceira, como pensamos (diferente de nós). Elas normalmente se manifestam em condições especiais, como baixa de resistência do organismo, o que faz com que filhotes sejam mais suscetíveis. Dessa forma, em uma mesma casa com vários animais, um deles pode apresentar a doença em vários locais do corpo e outro não.

O hábito do felino se lamber para se limpar é uma forma de retirar os esporos dos pêlos (esporos são a forma infectante do fungo). Gatos de pelagem longa são mais acometidos do que os de pelagem curta, porque não conseguem se higienizar com eficiência e também por receberem menos sol na pele (o que inativa esses esporos).

Gatos alérgicos, por exemplo, também são mais propensos às micoses, uma vez que os fungos são oportunistas na baixa imunidade.

Com relação às micoses profundas, as mais conhecidas e polêmicas são a criptococose e a esporotricose, também transmissíveis ao ser humano e com sintomas sistêmicos – e mais graves – além da manifestação cutânea.

As micoses superficiais são um problema muito comum em gatis ou casas com muitos gatos confinados, devido à aglomeração e à imunossupressão que a superpopulação causa – os gatos são territorialistas por natureza e não aceitam conviver com muitos animais em um mesmo espaço; muitas vezes isso faz com que a imunidade baixe. Assim sendo, ao adquirir animais com esse histórico, providencie um exame dermatológico logo que chegam em uma nova casa, principalmente se na casa já existirem outros animais e/ou crianças. Já existem vacinas no mercado que previnem a infecção pelo fungo, e alguns criadores já usam.

O tratamento é longo (cerca de 60 dias, em média) e só é recomendado após exame laboratorial de cultura fúngica confirmado, uma vez que a maioria das drogas indicadas tem toxicidade quando usadas a longo prazo e sem controle. Medicações de uso tópico não são de grande valia, uma vez que a doença não é isolada em um ponto do corpo, os esporos estão disseminados em toda sua extensão.

Devemos lembrar também que uma consulta médica é indicada caso apareça qualquer sinal de lesão no proprietário que convive com animais (cães e gatos), seja em que lugar do corpo for.

As informações e sugestões de saúde e bem-estar para o seu bichinho contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e o acompanhamento do Médico Veterinário de sua confiança. Somente este profissional é capacitado para diagnosticar e medicar seu bichinho de estimação.